sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O que você Não sabia sobre Alice in Wonderland




O autor (Carrol) (1832-1898) era o pseudônimo do reverendo Charles Lutwidge Dodgson, professor de matemática na tradicional Universidade de Oxford. Para todos, um homem tímido e reservado, para as crianças, ele mostrava-se outra pessoa (principalmente para as meninas). Alice no país das maravilhas foi escrito para a sua amiguinha favorita, Alice Liddell. Há inúmeras biografias sobre o autor e muitas se pautam na relação de Carroll com Alice, que, baseada na leitura do diário de Carrol –e das inúmeras fotos dele com sua amiga-, era um tanto quanto estranha. Depois, o ator escreveu “Through The Looking-Glass”, que depois, juntamente com o primeiro livro, originou o filme.

Bom, especulações a parte, o livro narra as aventuras de uma garota de classe alta que, subitamente, vê o seu mundinho confortável virar às avessas quando aterrisa no País das Maravilhas. Esse novo país põe em xeque tudo o que Alice considera lógico e normal, uma vez que ele é governado pela imaginação e pela fantasia. O conflito da trama, então, é basicamente a sensação de estranhamento de Alice, propiciada por esse universo nonsense*. O ápice do livro ocorre quando a personagem começa a questionar suas próprias percepções do que é “certo” e “errado” e com isso faz-nos questionar nossas percepções também.

Alice no país das maravilhas já foi analisado de todas as maneiras possíveis e imagináveis. O livro é cheio de símbolos filosóficos e se presta aos mais ecléticos argumentos. As análises freudianas, como pode-se imaginar, são lugar comum e esmiúçam os significados da tocas do “White Rabbit”, do pé da Alice gigante na chaminé, dos banquetes etc., como evidências da crazyness do autor.

Para não me estender muito isso, acredito que “Alice…” é, sobretudo, uma história deliciosa sobre as dificuldades de “crescer” e se tornar um adulto. Carroll sugere que a vida é um constante reajuste de perspectiva. Que não há verdades absolutas e que a “lógica”, muitas vezes, não se aplica num universo onde a realidade é constante e velozmente reinventada, como nos mostra o Coelho Branco, que está sempre atrasado. A psicologia nos questiona: Afinal, quem é, de fato, louco / neurótico / psicopata ? Reparem que a história de Carrol também! Alguém já parou para pensar nisso? Viagem né?… Muita viagem.

*Nonsense: A palavra, nos originais em inglês, é sentida como uma assombração nos dois livros sobre as aventuras de Alice. ‘Nonsense’ pode ser traduzido como “bobagem”, “tolice”, “absurdo”, etc., mas seu significado real não tem correspondente em português; então, lá vai: ‘nonsense’ é “algo que não faz sentido”.

Seu filme, Alice in Wonderland (Alice no país das maravilhas) é um animação de longa-metragem, considerado um clássico, produzido pelos estúdios Disney em 1951.

Ele levou cinco anos para ser completado, mas foi desenvolvido durante dez anos até entrar em produção efetiva.


Matrix x Alice


Como muitos sabem, a trilogia Matrix é explicitamente inspirada em nossa história principal do post de hoje. Quando analisei a trilogia (e aquele filme “Quem somos nós?) para um trabalho de filosofia no Ensino Médio, minha professora comentou que os escritores de Matrix eram apaixonados por filosofia, dá a relação com a história de Carrol – mas não até que ponto isso é verdade, não achei na net nada parecido. Para se situarem um pouquinho:

Na história, Alice estava visitando um mundo completamente novo com leis e lógica próprias, mas que faziam sentido para os seus habitantes. O ‘nonsense’ só passou a existir por causa de Alice. Sem ela, o País das Maravilhas seria um lugar normal.

Já a Matrix do filme era um programa de computador que conectava todos os habitantes do mundo a um sonho comum que era o que, para nós, seria a vida real. A Matrix teria funcionado perfeitamente bem, mesmo se algumas pessoas despertassem e fossem desconectadas. O problema só começou — e é esse o mote do filme — quando os que acordaram do sonho aprenderam a se reconectar à Matrix para tentar despertar outros. Eles se tornaram um tipo de Alice, só que com um trunfo na manga: eles sabiam que estavam dentro de um sonho e, em sabendo disso, usavam e abusavam do ‘nonsense’ que só os sonhos permitem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário